A dor é uma sensação desagradável que sinaliza lesões reais ou possíveis.
A dor é o motivo mais comum para uma pessoa procurar um médico.
A dor pode ser aguda ou leve, constante ou intermitente, latejante ou estável. Às vezes, pode ser muito difícil descrever a dor. Pode-se sentir num só local ou sobre uma área extensa. Sua intensidade pode variar de leve a intolerável.
As pessoas toleram a dor de formas muito diferentes. Um indivíduo
pode não tolerar a dor de um pequeno corte ou contusão e outro pode
aguentar quase sem queixas a dor provocada por um trauma maior ou uma
lesão com faca. A capacidade de suportar a dor varia de acordo com o
humor, a personalidade e as circunstâncias de cada indivíduo. É possível
que um determinado atleta não perceba uma lesão grave, provocada em
momentos de grande entusiasmo, durante uma competição, mas sinta dor
após a partida, especialmente se a sua equipe tiver sido derrotada.
A dor é comum entre pessoas mais velhas. Contudo, com o envelhecimento,
as pessoas queixam-se menos de dor. O motivo pode ser uma redução da
sensibilidade do corpo à dor ou uma atitude mais estoica em relação a
ela. Algumas pessoas mais velhas pensam erroneamente que a dor é uma
parte inevitável do envelhecimento e assim a minimizam ou não a
mencionam.
As causas mais comuns são doenças musculoesqueléticas. Contudo, muitas pessoas mais velhas apresentam dor crônica, que pode ter muitas causas.
Os efeitos da dor podem ser mais sérios para os idosos:
A dor crônica pode reduzir o funcionamento normal e torná-los mais dependentes de outras pessoas.
Elas podem perder o sono e ficar esgotadas.
Podem perder o apetite, resultando em subnutrição.
A dor pode impedir as pessoas de sair e interagir. Por conseguinte, elas podem ficar isoladas e deprimidas.
A dor também pode tornar algumas pessoas menos ativas. A falta de
atividade pode resultar em perda da força muscular e da flexibilidade,
dificultando ainda mais a atividade e elevando o risco de quedas.
Pessoas mais velhas e Analgésicos
Pessoas mais velhas estão mais predispostas do que pessoas mais jovens a apresentar efeitos colaterais de analgésicos, e alguns efeitos colaterais serão possivelmente mais graves. Esses medicamentos podem ficar no corpo das pessoas por mais tempo, e pessoas mais velhas podem ser mais sensíveis a eles. Muitas pessoas idosas tomam vários medicamentos, aumentando as chances de um medicamento interagir com o analgésico. Essas interações podem reduzir a eficácia de um dos medicamentos ou aumentar o risco de efeitos colaterais.
Pessoas mais velhas têm maior probabilidade de apresentar problemas que elevam o risco dos efeitos colaterais de analgésicos.
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como ibuprofeno ou naproxeno, podem ter efeitos colaterais. O risco de vários efeitos colaterais é maior em pessoas idosas, particularmente se elas apresentarem vários outros distúrbios ou estiverem tomando AINEs em doses elevadas. Por exemplo, pessoas idosas são mais propensas a ter uma doença do coração ou dos vasos sanguíneos (cardiovascular) ou fatores de risco para doenças cardiovasculares. Para pessoas com esses distúrbios ou fatores de risco, tomar AINEs aumenta o risco de sofrerem um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral e de desenvolverem coágulos de sangue nas pernas ou insuficiência cardíaca.
AINEs podem danificar os rins. Esse risco é maior para pessoas idosas porque os rins tendem a funcionar menos bem à medida que as pessoas envelhecem. Esse risco é também maior em pessoas com doença renal, insuficiência cardíaca ou uma doença hepática, que são mais comuns entre pessoas idosas.
Pessoas mais velhas estão mais predispostas a desenvolver úlceras ou hemorragias no trato digestivo quando tomam AINEs. Os médicos podem prescrever um medicamento que ajuda a proteger o trato digestivo contra tais lesões. Esses medicamentos incluem inibidores da bomba de prótons (tais como omeprazol) e misoprostol. Quando pessoas mais velhas tomam AINEs , elas devem avisar seus médicos, que irão avaliar periodicamente os efeitos colaterais.
Opioides são mais propensos a causar problemas em pessoas idosas, que parecem ser mais sensíveis a esses medicamentos do que as pessoas mais jovens. Quando pessoas mais velhas tomam um opioide por pouco tempo, o mesmo reduz a dor e permite que as pessoas se sintam melhor fisicamente; no entanto, isso pode prejudicar o funcionamento mental, algumas vezes causando confusão. Opioides também podem aumentar o risco de quedas e causar constipação e retenção urinária, podendo trazer mais problemas em pessoas mais velhas.
Muitas pessoas mais velhas compreensivelmente se preocupam com os riscos da dependência de opioides. No entanto, o risco é baixo quando uma pessoa toma opioides conforme prescritos, quando são prescritas doses baixas e quando o uso de opioides é monitorado por um único profissional de saúde ou uma equipe de profissionais que estejam fornecendo cuidado coordenado para a pessoa. O risco é maior se as pessoas já foram dependentes ou têm um familiar próximo que seja ou tenha sido dependente de álcool, opioides ou outros medicamentos.
Para reduzir o risco de efeitos colaterais, especialmente ao prescrever opioides, os médicos prescrevem às pessoas mais velhas uma dose baixa primeiro. A dose é elevada lentamente conforme necessário, e os efeitos são monitorados. Os médicos também escolhem analgésicos com menor possibilidade de efeitos colaterais em pessoas idosas. Por exemplo, o paracetamol é geralmente preferível aos AINEs para tratar a dor crônica leve a moderada sem inflamação. Em geral, alguns AINEs (indometacina e cetorolaco) e determinados opioides (como pentazocina) não são prescritos a idosos por causa do risco de efeitos colaterais.
Os tratamentos sem remédios e o apoio de profissionais de saúde e familiares podem ajudar as pessoas mais velhas a tratar da dor e reduzir a necessidade de analgésicos.
Trajeto da dor
A dor devido a lesão é iniciada nos receptores especiais, que se
encontram espalhados por todo o organismo. Esses receptores de dor
transmitem os sinais por impulsos elétricos ao longo dos nervos, até a
medula espinhal e, depois, até o cérebro.
Às vezes, o sinal provoca um reflexo como resposta. Quando o sinal chega
à medula espinhal, ele volta imediatamente pelos nervos motores até o
ponto de origem da dor, provocando a contração muscular, sem envolver o
cérebro. Por exemplo, quando tocamos em algo quente sem intenção,
puxamos a mão imediatamente. Essa reação reflexa ajuda a prevenir lesões
permanentes. O sinal de dor também é enviado ao cérebro. Somente quando
o cérebro processa o sinal e o interpreta como dor as pessoas tomam
conhecimento da dor.
Os receptores da dor e suas vias nervosas diferem nas diferentes partes
do corpo. Por esse motivo, a sensação de dor varia segundo o tipo de
lesão e a sua localização. Por exemplo, os receptores de dor na pele são
numerosos e capazes de transmitir informações muito precisas sobre a
localização da lesão, distinguindo se a fonte da agressão é cortante
(como uma lâmina) ou não cortante, como pressão, calor, frio ou coceira.
Por outro lado, os sinais de dor provenientes de órgãos internos, como o
intestino, são limitados e imprecisos. O intestino pode ser beliscado,
cortado ou queimado sem gerar qualquer sinal de dor. Entretanto, o
alongamento e a pressão no intestino podem provocar uma dor intensa,
mesmo por algo tão inócuo como bolhas de gás retidas nele. O cérebro não
consegue identificar a localização exata da dor intestinal, o que a
torna difícil de ser localizada, podendo ser sentida numa área extensa.
Por vezes, a dor numa zona do corpo que não representa exatamente o local do problema acontece quando uma dor é referida de outra área do corpo. A dor referida é provocada quando os sinais nervosos de várias partes do corpo recorrem à mesma via nervosa, que os conduz à medula espinhal e ao cérebro. Por exemplo, a dor provocada por um infarto do miocárdio pode ser sentida no pescoço, no queixo, nos braços ou no abdômen. A dor de uma cólica biliar pode ser sentida na parte posterior do ombro.
Dor aguda versus dor crônica
A dor pode ser aguda ou crônica. A dor aguda começa de repente e
geralmente não dura muito tempo (dias, semanas ou, às vezes, alguns
meses). A dor crônica persiste durante muitos meses ou anos.
Quando é intensa, a dor causa ansiedade, aumento das frequências cardíaca e respiratória, elevação da pressão arterial, sudorese e dilatação das pupilas. Em geral, a dor crônica não tem os mesmos efeitos, mas pode acarretar outros problemas, como depressão, alterações do sono, energia reduzida, apetite reduzido, perda de peso, libido reduzida e perda de interesse em atividades.
Causas
Os diferentes tipos de dor têm causas diferentes.
A dor nociceptiva resulta da estimulação de receptores da dor. Ela é causada por uma lesão nos tecidos do corpo. A maior parte das dores, particularmente as agudas, são dores nociceptivas.
A dor neuropática resulta de lesão ou disfunção do cérebro ou da medula espinhal (sistema nervoso central) ou de nervos que estejam fora do cérebro ou da medula espinhal (sistema nervoso periférico). Ela pode ocorrer quando
É feita pressão em determinado nervo — por exemplo, por um tumor ou
um disco que sofreu ruptura na coluna vertebral, causando dor na região
lombar e/ou dor irradiada para a perna. A pressão em um nervo pode
causar a síndrome do túnel do carpo.
Os nervos são lesionados, como ocorre no diabetes mellitus ou herpes zóster.
O cérebro e a medula espinhal não processam os sinais de dor normalmente
ou algo interrompe esse processamento, como ocorre na dor do membro
fantasma, neuralgia pós-herpética (dor após herpes zóster) e síndrome de
dor regional complexa.
A dor nociceptiva ou neuropática ou ambas podem estar envolvidas na dor
aguda ou crônica. Por exemplo, a dor lombar crônica e a maioria dos
casos de dor de câncer são provocadas principalmente por estimulação
contínua de receptores de dor (dor nociceptiva). Mas nesses distúrbios, a
dor também pode resultar de lesão nervosa (dor neuropática).
Fatores psicológicos também podem contribuir para a dor.
Fatores psicológicos frequentemente afetam como as pessoas sentem a dor
ou sua intensidade, mas esses fatores são raramente a única causa da
dor.
Considerações gerais sobre a dor
Por James C. Watson , MD, Mayo Clinic
Última revisão/alteração completa outubro 2018 por James C. Watson, MD