Perder a capacidade de comunicar pode ser um dos problemas mais frustrantes e difíceis para as pessoas com Demência, suas famílias e cuidadores. À medida que a doença progride, a pessoa com Demência experiencia uma perda gradual da sua capacidade de comunicar, sentindo dificuldades cada vez maiores para se expressar com clareza e compreender aquilo que os outros dizem.
Alterações da comunicação
Cada pessoa com Demência é única e as dificuldades na comunicação dos pensamentos e sentimentos podem variar de pessoa para pessoa. Existem várias causas de Demência, sendo que cada uma afeta o cérebro de forma diferente.
Exemplos de alterações que poderá observar:
- Dificuldade em encontrar uma palavra. A pessoa poderá dizer uma palavra relacionada com aquela que não se consegue lembrar;
- A pessoa pode falar fluentemente, mas sem sentido;
- A pessoa pode ser incapaz de entender ou apenas entender parte do que lhe é dito;
- As capacidades de leitura e escrita também podem sofrer uma deterioração;
- A pessoa pode perder noção das convenções sociais da conversação e interromper ou ignorar alguém que está a falar ou, por outro lado, não responder quando lhe dirigem a palavra;
- A pessoa pode ter dificuldade em expressar as emoções apropriadamente
Por onde começar
É importante verificar se existem dificuldades na audição e visão. Para algumas pessoas, os óculos ou um aparelho auditivo podem ser uma ajuda. Confirme que o aparelho auditivo está a funcionar corretamente e que os óculos são limpos com regularidade.
Lembre-se
A comunicação é composta por três partes:
- 55% corresponde à linguagem corporal, que é a mensagem que transmitimos pela expressão facial, postura e gestos;
- 38% corresponde ao tom da nossa voz;
- 7% corresponde às palavras que utilizamos
Estas estatísticas salientam a importância da forma como as famílias e os cuidadores se devem apresentar perante uma pessoa com Demência. A linguagem corporal negativa, tais como certos olhares e sobrancelhas levantadas, podem ser facilmente captados pela pessoa.
O que pode tentar
Atitude afetuosa
As pessoas com demência, mesmo quando não conseguem compreender o que está a ser dito, conservam os seus sentimentos e emoções e, por isso, é importante manter sempre a sua dignidade e autoestima. Seja flexível e dê tempo à pessoa para responder. Sempre que for apropriado, utilize o toque para manter a atenção da pessoa e para comunicar sentimentos de ternura e afeição.
Formas de falar
- Permaneça calmo e fale de maneira clara e gentil;
- Utilize frases curtas e simples, focando uma ideia de cada vez;
- Dê tempo à pessoa para compreender o que lhe transmitiu;
- Sempre que possível, utilize nomes orientadores, como por exemplo: «O seu filho José»;
Linguagem corporal
Poderá necessitar de utilizar gestos e expressões faciais para se fazer entender. Apontar ou demonstrar pode ser uma ajuda. Tocar e segurar a mão da pessoa pode ajudar a manter a sua atenção e mostrar que se preocupa com ela. Um sorriso caloroso e uma gargalhada partilhada podem, frequentemente, comunicar mais do que as palavras.
O ambiente certo
- Tente evitar vários ruídos ao mesmo tempo, tais como TV ou rádio;
- A pessoa terá maior facilidade em acompanhá-lo, sobretudo se estiver fora do alcance visual, se permanecer quieto enquanto fala;
- Mantenha rotinas para ajudar a minimizar a confusão e facilitar a comunicação;
- Se todas as pessoas utilizarem a mesma abordagem será muito menos confuso para a pessoa. É importante que todos os familiares e cuidadores repitam a mensagem de forma exatamente igual
O que NÃO deve fazer:
- Discutir. Isso só irá tornar a situação pior;
- Dar ordens à pessoa;
- Dizer à pessoa o que não pode fazer. Em vez disso, diga-lhe aquilo que ela pode fazer;
- Utilizar modos intransigentes. Um tom de voz arrogante pode ser apreendido mesmo que a pessoa não compreenda as palavras, o que a poderá deixar mais perturbada;
- Perguntas que apelem à utilização da memória;
- Falar da pessoa que está presente como se ela não estivesse
Adaptado de Understanding difficult behaviours (Compreender os comportamentos difíceis) de Anne Robinson, Beth Spencer e Laurie White.
Dicas de uma pessoa com Demência
Christine Bryden foi diagnosticada com Demência aos 46 anos e partilhou as suas reflexões sobre formas de ajuda que as famílias e amigos podem adotar. Christine é também autora de várias publicações, incluindo «Who will I be when I die?» («Quem serei quando morrer?»), que foi o primeiro livro escrito por um Australiano com Demência.
Christine fornece as seguintes dicas para comunicar com uma pessoa com Demência:
- Dêm-nos tempo para falar, esperem que consigamos encontrar a palavra que queremos utilizar. Tentem não terminar as nossas frases. Oiçam e não nos deixem sentir embaraçados se perdermos o fio da conversa;
- Não nos apressem a fazer algo, uma vez que não conseguimos pensar ou falar rapidamente, para vos dizer se concordamos. Tentem dar-nos tempo para responder, para que possamos informar-vos se queremos, realmente, fazer algo;
- Quando quiserem falar connosco, tentem encontrar uma forma de fazê-lo, sem colocar-nos questões que nos assustem ou causem desconforto. Se nos esquecermos de um acontecimento especial recente, não assumam que não foi especial para nós. Dêm-nos uma pista, pois podemos estar momentaneamente em branco;
- No entanto, não se esforcem demasiado para ajudar-nos a lembrar algo que aconteceu. Porque se não tivermos conseguido memorizar, nunca vamos conseguir lembrar;
- Evitem ruídos de fundo. Se a televisão estiver ligada, retirem o som;
- Se estiverem crianças presentes, lembrem-se que cansamo-nos facilmente e temos dificuldade em concentrarmo-nos na conversa, assim como em ouvir. Talvez seja melhor ter presente uma criança de cada vez e sem barulhos de fundo;
- Os tampões para os ouvidos podem ser utilizados quando visitamos centros comerciais ou outros sítios ruidosos
Adaptado de Alzheimer Australia
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